Orkut para os pais

Quando escrevi o post O sentido do Orkut, não imaginei a repercussão que daria e muito menos que faria uma “parte 2”.

Este post é uma resposta à pergunta do Carlos, pai de duas meninas que usam o Orkut. Resolvi aproveitar para fazer uma continuação do artigo para todos os pais cujos filhos utilizam o Orkut.

**

Eu não tenho conhecimento sobre algum seqüestro pelo orkut, conheço os casos que saem na mídia e nos blogs sobre seqüestros realizados com informações retiradas da internet.

Sem dúvida a exposição do orkut pode facilitar a vida dos seqüestrados. Deve-se tomar cuidado ao colocar informações pessoais, tais como classe social e lugares que freqüenta, porém na minha opinião não é motivo de muita preocupação.

Uma medida que pode ser tomada é procurar conhecer os “amigos” virtuais de seus filhos.

Assim como você conhece os amigos e amigas de seus filhos que freqüentam a sua casa, é interessante procurar conhecer aqueles novos amigos criados pela internet ou pelo Orkut. Desta maneira você, que tem uma experiência melhor sobre as pessoas e os riscos nas relações, poderá identificar qualquer “amizade perigosa”, não só relacionada a seqüestro, mas também à influência de drogas e sexualidade precoce.

Quando eu digo procurar saber sobre as amizades do seus filhos, não estou falando em criar uma conta no Orkut e sair fuxicando a vida do seu filho, lendo sobre as comunidades às quais ele se associou.

Abrir um conta no Orkut para fuxicar a vida do filho é dar o mau exemplo e nada melhor para a formação das crianças do que o exemplo do pai.

O correto, na minha opinião, é conversar. Nada melhor do que conversar com seus filhos. Você os conhece melhor e dando sua opinião, educa. Educar não é dar esporro quando a criança faz coisa errada ou falar “muito bem, filhinho” quando ele faz coisa certa.

Educar é conversar para que a criança tenha base nas escolhas e entenda o por quê ela tomaria um esporro ou receberia um carinho ao fazer o que ela está pensando em fazer.

Entenda o ponto de vista do seu filho que usa e gosta do Orkut. Ele tem motivos para tal. Conversando com ele, procure entender as motivações que o levam a usar o Orkut. Pergunte sobre as comunidades, sobre o que é conversado em cada uma delas, por que ele entrou nessa ou naquela comunidade.

Tente não reprimir o que foi feito, e aceite as decisões que seu filho já tomou, por que quanto mais você reprimir, menos ele vai falar o que realmente acontece e reprimir não vai evitar que seu filho repita o que já fez.

Ao invés de falar que entrar na comunidade “Sou metido mesmo, e daí” (nem sei se existe, inventei) não é legal, faça-o chegar nesta conclusão. Leve-o a refletir sobre as reais amizades e chegar a conclusão de que muito menos da metade dos 300 amigos que ele tem são pessoas que realmente possuem um vínculo de amizade.

As crianças estão começando a usar o Orkut com 9 anos e com essa idade elas não conseguem sozinhas discernir entre o que é bom e ruim para elas. Não percebem a super-exposição e não se importam com a privacidade. Porém elas já são capazes de entender isso tudo com a ajuda de alguém.

Finalizando, acho legal que os pais acompanhem a vida dos filhos, não só nas idas ao cinema, ou ao parque de diversão, mas também nas “idas à internet”.