Mensagem de Edson

O jogador Roberto Carlos, em seu blog, escreveu a mensagem abaixo e um torcedor (Edson) respondeu:

Não sei a fonte. Se alguém souber, por favor, me avise para que eu coloque o link.

ROBERTO CARLOS, 05/07/2006 19:25

Respeito ao Brasil

É muito triste para mim continuar vendo a Copa do Mundo sem poder mais ajudar o Brasil. Entendo a revolta que muitos estão da seleção, mas não posso concordar com os que desrespeitam os jogadores que foram defender o Brasil.

Não acho justo, sei que lutamos muito e temos que ser no mínimo respeitados.

Vejo o exemplo de outros países e me emociona ver que, mesmo na derrota, seus jogadores são respeitados. Estou em casa, muito chateado, ao lado daqueles que me amam e estou recebendo o apoio dos meus amigos verdadeiros.

Sinto muito por não estar na final, mas tenho certeza que fiz o meu melhor.

Acabei de ver a semifinal da França, torci muito pelo meu amigo Felipão, mas pude comprovar que chegou a final um grande time. Chega de tentar achar culpados, vamos pelo menos uma vez entender que futebol é assim, nem sempre se pode vencer. É isso que faz a paixão por esse esporte ser cada vez maior.

Teremos outras oportunidades para ganhar, e venceremos. Um abraço a todos que apóiam os jogadores do Brasil.


RESPOSTA

Prezado Roberto,

Como um torcedor comum, talvez eu possa lhe esclarecer alguns pontos que você levanta em sua singela mensagem, ao expressar uma certa mágoa com a nossa suposta ingratidão.

Você se sente injustiçado com o que chama de desrespeito do torcedor, dizendo-se emocionado com o exemplo de alguns países cujos torcedores foram gratos a seus representantes mesmo na derrota.

Pois eu também respeitaria os jogadores de minha seleção, mesmo na derrota, se eles tivessem apresentado um futebol à altura de sua capacidade, como fizeram os ganeses, se tivessem retribuído o carinho de sua torcida em campo como fizeram os croatas, se tivessem lutado como homens ou chorado como crianças, como fizeram os argentinos.

Eu sei que a frase está meio gasta, mas respeito não se exige, se conquista; e nem eu nem muitos outros brasileiros poderiam respeitar um time alienado, estrelado, que se retira do campo sem sequer olhar para a torcida que se encontrava no estádio, a mesma que o apoiava a cada vitória insossa e enganosa. Menos ainda os jogadores que saem pelas portas dos fundos dos hotéis para fugir às suas responsabilidades de detentores das esperanças daqueles que são os verdadeiros pagantes de seus salários.

Tampouco podemos respeitar um plantel que custa - embora não valha - 1 bilhão de dólares dar dois chutes a gol em noventa minutos. Não podemos igualmente ser gratos a um jogador que gasta a enormidade de oito segundos ajeitando suas meias enquanto uma falta é cobrada perto de seu gol.

Como podemos ser solidários a uma equipe técnica patética, arrogante e incompetente que não se digna sequer a responder as perguntas que não convêm?

Como podemos respeitar um treinador que não dá treinos táticos, que arma um mesmo esquema para jogar contra a França ou contra o ASA de Arapiraca, covarde para fazer amistosos com seleções como a de Lucerna, que não é capaz de afastar jogadores por deficiência técnica ou física quando necessário, talvez para não desagradar algum patrocinador?

Será que os treinadores dessas seleções que você tanto admira um dia se referiram aos torcedores como “caixas de ressonância” da imprensa, sem capacidade de ter opinião própria, com isso tentanto atribuir aos outros a própria burrice?

Como respeitar jogadores que, ganhando milhões de euros, se comportam como primas-donas fora e dentro do campo, esquecendo-se de sua função precípua de empurrar uma merda de uma bola para uma rede? Se não fosse a nossa paixão por ela, a bola, que emprego você imaginaria ter hoje em dia, e ganhando quanto?

Você escreve uma mensagem pretensamente humilde, mas não perde a oportunidade de alfinetar o leitor ao dizer que está “em casa, muito chateado, ao lado daqueles que me amam e recebendo o apoio dos meus amigos verdadeiros”.

Bela tentativa de nos acusar de infidelidade e ingratidão, mas não se esqueça que nós não somos mesmo seus amigos. Somos torcedores, fãs ou marias-chuteiras como estas que te escrevem neste blog, mas não temos laços nem obrigações de amizade com você. Peça amizade a seus amigos, se é que você tem algum mesmo, e dê-lhes amizade em troca; da nossa parte, só queremos profissionalismo e respeito.

É estranho que você, que nunca prestou serviço algum a este país, e nunca abriu a boca contra a injustiça e a roubalheira que somos obrigados a enfrentar em nosso dia-a-dia, peça agora solidariedade ao Brasil. Nós temos direito sim de esperar que, apesar dos euros, das modelos, dos puxa-sacos e dos corruptos que o cercam no seu dia a dia, você cumpra com a sua obrigação fazendo por merecer cada centavo que recebe quando joga pelo seu time, e que respeite o país que o gerou um pouco mais do que os países que lhe aculturaram, e, como vampiros, roubaram a sua alma original. Deus te proteja de perder a fama e o dinheiro que um dia a bola te deu, para que você não tenha de descobrir quantos amigos de fato você tem, e quantas mulheres realmente te desejam.

Você diz que não é hora de procurar culpados. Não se trata de achar culpados, mas sim de encontrar responsáveis. Se esse preparador físico que posa de técnico não se apresentasse como infalível, intocável, inatingível, e acima do bem e do mal, protegido das críticas por uma emissora espúria e mal-intencionada, talvez não cobrássemos tanto dele. É claro que não se pode vencer sempre, mas se for para perder, que seja como em 82 ou 86, de cabeça erguida, por obra da fatalidade e não da indiferença, da inoperância e da covardia.

Não se preocupe com a sua dor, com certeza ela logo passa. Vá a bons restaurantes, termine a noite numa boate, faça comerciais pagos, ou assista a um desfile de moda e escolha uma imbecil qualquer para levar para casa que você vai se sentir bem melhor. A nossa dor, esta sim, por uma infinidade de razões que você já se esqueceu, parece que vai durar para sempre.