Folgar nos feriados é para os escravizados

Nas minhas empresas qualquer dia pode ser feriado. Explico.

Temos um ambiente de transparência e uma cultura tão forte que me permite, como sócio e líder, confiar nas pessoas.

A confiança é um ingrediente chave para a nossa fórmula de sucesso.

Sendo assim, nós não temos ponto, timesheet ou qualquer controle sobre as horas trabalhadas.

Eu confio que as pessoas estão fazendo o que devem fazer e estão alinhadas com o propósito e com as metas do grupo.

Eu confio que elas não são tolas de querer aproveitar qualquer oportunidade para deixar de trabalhar.

Eu confio que todas trabalham porque querem e não porque estão sendo obrigadas.

Sendo assim todos têm liberdade para fazer seus horários, ir num médico numa segunda de manhã ou levar o cachorro pra tosar numa quinta de tarde.

Já ouvi de uma pessoa que não poderia me atender na hora, porque estava no salão fazendo unha, num dia de semana qualquer pela manhã.

Resolvi escrever sobre isso porque tive que repensar a política de folgas em feriados da Impulso.

A Impulso possui uma questão a parte.

Somos um time distribuído com pessoas trabalhando em várias cidades e até em países diferentes. O trabalho remoto é uma realidade pra nós.

Dentro desse cenário, como definir as folgas em feriados? Que feriado seguir?

Por algum tempo determinou-se que todo mundo seguiria o feriado do Rio de Janeiro, porque é a cidade na qual a empresa está registrada.

O objetivo foi determinar uma regra que fosse justa e acabasse com as dúvidas como: Vamos trabalhar tal dia? Vamos enforcar? Etc…

Quando parei pra pensar sobre isso, achei que não fazia sentido essa determinação.

Eu penso assim…

Sua vozinha está fazendo 90 anos de idade e você quer visitá-la num dia que não é feriado? Visite-a!

É feriado na sua cidade e a família que sair pra almoçar, vá!

Depois do almoço num feriado você está em casa e tem o tempo todo livre? Trabalhe!

Qual sentido faria viver em Portugal (como temos 3 pessoas no time da Impulso), folgar num feriado do Rio, em que todos a sua volta estão trabalhando, e trabalhar num feriado local, em que todos estão saindo pra passear e se encontrar?

Como já falei anteriormente independente de ser feriado ou não, qualquer um tem autonomia pra folgar quando for realmente relevante. Bem como tem a autonomia de escolher trabalhar no final de semana.

Sendo assim, minha decisão foi de determinar que não seguiríamos feriado de nenhum lugar e todos os dias seriam dias normais de trabalho (mais recentemente tomamos outra decisão em relação a férias que complementa essa aí).

Eu conclui que o feriado serve pra quem está escravizado, quem não tem autonomia e nem liberdade de agenda. É para alguns um refúgio e pra outros uma benção de folga que ajuda a se equilibrar melhor, descansando ou fazendo coisas que gostaria mas normalmente não pode.

O feriado não pode ser a sua única chance de descansar e fazer coisas que você deseja, bem como não precisa ser um dia que você vá se forçar a não trabalhar.

Na medida que sua vida está equilibrada, trabalhar no feriado ou no final de semana, por escolha, passa a não ser um problema e se transforma na solução para você evoluir mais e ser uma pessoa melhor.

Por isso comecei a achar que folgar no feriado é para os escravizados e que infelizmente passa a fazer sentido uma vez que essa é a realidade de mais de 90% da população.

P.S. Artigo escrito com a ajuda intelectual do meu sócio Rafael Miranda.

P.S. Essa cultura é valida para o chamado Core Team da Impulso. Os Impulsers que são os profissionais que trabalham diretamente nos projetos que executamos trabalham sob a cultura da empresa contratante.